quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Desatentos

Uma criança é vítima de abusos sexuais de forma continuada durante anos, provavelmente as pessoas que vivem com a vítima sabem e infelizmente são coniventes com o assunto para salvar um "casamento",ou porque uns "amassos" não fazem a ninguém.
A criança ou mesmo alguém que tenha descoberto o assunto faz queixa à polícia,e o caso segue para tribunal. A criança é ouvida por especialistas,são detectadas provas por especialistas de que os abusos de facto acontecerem.
Chega o dia da sentença e inesperadamente um juíz põe todas as provas em causa,alega que a criança tinha uma relação de proximidade e de posse com o abusador e que como não fez queixa logo na primeira vez em que foi abusada,o abusador em vez de ser condenado à pena máxima em Portugal,é condenado a 8 anos por ter abusado continuamente da mesma vítima????
Mas continuamos a viver num país em que a criança é vista não como pessoa,mas como um objecto?
Em que é sujeita a relatar o sucedido vezes sem conta?
Em que o trabalho de especialistas é posto em causa por um qualquer juíz que vive com toda a certeza numa outra realidade, achando ainda provavelmente que a vítima se terá "metido" com o abusador e que coitado do abusador não teve forma de reagir à maneira demoníaca como a criança descaradamente se "atirou" a ele com o intuito de querer ser abusada???
E onde é que fica o Direito Internacional no meio de tudo isto??
E onde ficam os Direitos da Criança??
Para quando a criação de tribunais especializados no Direito da Família e da Criança com juízes devidamente acreditados e com a dose de sensibilidade e bom senso necessárias para lidarem com estes assuntos??
Para quando a articulação entre as diversas especialidades nestes assuntos??

1 comentário:

  1. Maria, a minha irmã trabalha numa instituição de apoio a jovens, alguns passaram por situações parecidas, e é monstruoso tirar a infância a crianças pelo prazer que elas proporcionam a mentes retorcidas. Da parte dos juízes não sei o que leva a "encolher" penas, não percebo se é a pressão dos advogados, a falta de prisões, o facto de tanto criminoso andar cá fora que até se sentem mal de mandar para dentro 1.
    Uma coisa sei, mais do que prender criminosos é preciso que eles se sintam "castigados". Ir para um estabelecimento com caminha, tvcabo, refeições, etc... para alguns é bem mais do que merecem.
    Aí é um ponto que dou aos americanos, trabalhos forçados não matam, penas pesadas também não. Só sou contra a pena de morte, acho mais leve do que pena perpétua, e um "carrasco" não é uma profissão que deva existir numa "DEMOcracia".

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